Opresidente do PS afirmou que os socialistas estão preparados para uma decisão do chefe de Estado de convocar eleições antecipadas ou optar por uma mudança da liderança do Governo, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

Esta posição foi assumida por Carlos César horas depois de o primeiro-ministro ter anunciado que apresentou a sua demissão ao Presidente da República, já aceite por Marcelo Rebelo de Sousa, após o Ministério Público revelar que António Costa é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

“O PS está preparado para qualquer cenário, seja eleições ou mudança de liderança do Governo”, declarou Carlos César, frisando que essa decisão compete ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tendo ao seu lado o secretário-geral adjunto, João Torres, e a ouvi-lo e na primeira fila da plateia membros da Comissão Permanente do PS.

António Costa, na comunicação ao país que fez a partir de São Bento, adiantou que, em caso de eleições legislativas antecipadas, não será pelo PS recandidato às funções de primeiro-ministro.

Na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, o Presidente da República convocou os partidos com assento parlamentar para quarta-feira, o Conselho de Estado para quinta-feira e falará ao país a seguir.

Na sua resposta, o presidente do PS referiu-se precisamente a esta audiência com o chefe de Estado, no Palácio de Belém, na quarta-feira, e defendeu que não compete ao seu partido, nas atuais circunstâncias, “qualquer juízo sobre essa matéria”.

“Em consequência das audições [com os partidos com assento parlamento], competirá ao Presidente da República avaliar e comunicar o seu juízo próprio. Se for caso disso, comentaremos então a decisão que o Presidente da República oportunamente tomará”, disse.

Perante os jornalistas, Carlos César sustentou que o PS “está preparado, ou tem capacidade para se preparar, qualquer uma dessas circunstâncias, seja a ocorrência de eleições legislativas antecipadas, seja a mudança na liderança do Governo do país”.

Questionado se o PS vai antecipar o seu Congresso Nacional, que está marcado para os dias 15, 16 e 17 de março, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores e líder parlamentar socialista disse que se recusa para já “a fazer considerações” sobre esse ponto.

“Não conhecemos qual a decisão do senhor Presidente da República. Em função da sua decisão, o PS ajustará, se for o caso, os procedimentos internos necessários para responder à situação que entretanto for criada”, afirmou.

Interrogado se esses adiamentos de decisões não colocam o PS em desvantagem, sobretudo se a opção do Presidente da República for pela dissolução do parlamento e marcação de eleições antecipadas, Carlos César discordou dessa perspetiva.

“Não creio que o PS parte em desvantagem em qualquer circunstância, porque tem no seu acervo e no legado da sua governação progressos que são importantes e decisivos na sociedade portuguesa, e que até se reflete na proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2024, a qual a generalidade dos observadores qualificados vê como positivo. Quanto ao próximo congresso do PS, falarão sobre ele os que tiverem ou que pretenderem ter uma participação mais ativa desse enquadramento”, acrescentou.

Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.